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quarta-feira, 16 de março de 2011

Corrida pelo bóson de Higgs

Quem finalmente encontrará o famigerado bóson de Higgs? Os europeus apostam no Large Hadron Collider, ou Grande Colisor de Hádrons (LHC), em Genebra, o maior acelerador de partículas do mundo. Os estadunidenses, no Tevatron, o segundo maior, em Batavia, no Illinois (figura ao lado). A última cartada foi deste último, nesta semana - não o encontraram, mas conseguiram apertar ainda mais o cerco.

Diz-se "competição", mas não é daquele tipo que cause transtornos. É algo amigável, tão boa quanto uma boa cooperação. A razão do frenesi é que o bóson de Higgs é a última partícula prevista pela teoria cuja existência ainda não foi confirmada por experimentos.

Se ela não for encontrada, será necessário rever boa parte do "Modelo Padrão", o prosaico nome da teoria atual sobre as partículas elementares. A razão é que, para ser compatível com a existência de partículas com massa, o Modelo Padrão precisa incluir um artifício teórico chamado “mecanismo de Higgs” – que tem como conseqüência colateral a necessidade da existência de partículas novas, chamadas “bósons de Higgs”. Se não, na teoria haveria apenas partículas sem massa, que se reduziriam a “pacotes” de energia viajando pelo espaço (como os fótons de luz). Por isso, diz-se que os bósons de Higgs são “responsáveis” pela massa das partículas elementares.

Assim, se o bóson não for encontrado, o tal mecanismo não existiria, e então os teóricos teriam que imaginar algum outro para dar conta das massas – o que poderia levar a novas teorias e previsão de novos fenômenos desconhecidos.

A busca se guia pela massa do próprio Higgs. Ninguém sabe quanto é, de modo que os experimentos têm que sair explorando diversas faixas de valores para ver se enxergam algo. À medida que não é encontrado, os valores possíveis vão se restringindo. Atualmente, está entre 123 e 198 vezes a massa de um próton (ou seja, entre 114 e 185 GeV/c2). A última cartada foi do Tevatron, na última semana. Segundo o seu boletim informativo, os grupos de pesquisa CDF e DZero conseguiram excluir a faixa entre 158 e 173 GeV/c2.

Aos poucos, o cerco vai se fechando. Em pouco tempo veremos se realmente existe algo se escondendo dentro dele.

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