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sexta-feira, 18 de março de 2011

A geografia das citações científicas

Apareceram na Internet três interessantes mapas-múndis interativos classificando as cidades de acordo com as citações de trabalhos científicos publicados a partir de pesquisas feitas em cada uma - em física, química e psicologia.

Os círculos em vermelho indicam as cidades que têm menos citações que o esperado se ela seguisse a média mundial. Ou seja, se mais do que 10% dos artigos dessa cidade estiverem entre os 10% mais citados do mundo, então ela sai com cor verde. Se for menos, ela sai em vermelho.

Os mapas foram feitos por Lutz Bornmann, da Sociedade Max Planck em Munique, Alemanha, e por Loet Leydesdorff, da Universidade de Amsterdã, na Holanda. No seu artigo no ArXiv, publicado aonteontem, eles contam que contabilizaram milhares de artigos publicados em 2008 (9950 de física, 10460 de química e 15142 de psicologia) e deram-lhes um tratamento estatístico com um programa de computador disponível publicamente.

Infelizmente, os números do Brasil ficaram bastante distorcidos porque a expectativa da quantidade de publicações entre as “10% mais” de cada cidade é muito pequena, o que infla bastante os resultados, por causa da natureza dos cálculos estatísticos. De fato, os autores consideram significativos apenas os casos em que a expectativa é maior do que 5 artigos. O único caso do Brasil acima desse limite é São Paulo em psicologia, com 7 trabalhos encontrados entre os 10% mais, com uma expectativa de 9,1 – o que os autores consideram estatisticamente “dentro do esperado” (não há muita diferença entre os dois números).

Mas é notório para o Brasil o baixo número de trabalhos emplacados no topo, a ponto de locais importantes como Campinas, sede da Unicamp, não aparecem – portanto, não devem ter emplacado nenhum.

No mundo, o pior desempenho foi o de Moscou em química, com apenas 5 citações observadas no topo, apesar de uma expectativa de 47,9 citações. Inversamente, Berkeley, na Califórnia, teve 34 entre os 10% mais em física, de uma expectativa de apenas 6,3.

Interessante também como os trabalhos em psicologia se concentram mais nos Estados Unidos e na Europa, em comparação com os de física e química, mais bem distribuídos pelos países em desenvolvimento – apesar de uma surpreendente concentração na África, principalmente em uma pequena zona envolvendo áreas da Tanzânia, do Quênia e de Uganda (mas também no sul – África do Sul, Botsuana e Zimbábue).

O que me chamou a atenção para esse trabalho foi o blog do Arxiv.
Veja também: [O mapa da] Ciência global, por Bernardo Esteves.

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